Diversificação ou segregação de percursos formativos?

O acesso à escolaridade pré-escolar constitui um primeiro foco de desigualdade

O acesso a creches constitui o ponto de partida de todo o percurso educativo, influenciando de forma duradoura todo o percurso de aprendizagem ao longo do ciclo de vida, apesar de ser o que recebeu menor financiamento público nas últimas décadas, comparativamente aos outros níveis de ensino.

À medida que a frequência do pré-escolar se universaliza, e apesar do ritmo de forte expansão da taxa de escolarização de crianças em idade de frequência de creche, essa taxa está ainda abaixo dos 50% expondo famílias com contextos socioeconómicos mais desfavoráveis e menor suporte familiar a eventuais desvantagens iniciais nos processos de aprendizagem.

O ensino secundário com carácter profissionalizante  continua a constituir um eixo central do sistema, em particular para os homens

Os cursos com maior componente aplicada ou profissionalizante continuam a ser fundamentais no sistema, sobretudo para os homens, constituindo nesse caso significativamente mais de metade dos alunos do sistema secundário. Mas enquanto cerca de três quartos dos alunos dos cursos científico-humanísticos transitam para o ensino superior, menos de um quarto (22%) o faz no caso dos alunos dos cursos profissionais, com cerca de metade a transitar para cursos CTeSP.

A transição para o ensino superior dos cursos profissionais depende muito da área de formação

No ensino superior, a transição para o mestrado constitui um eixo de desigualdade 

Cerca de 40% dos licenciados continuam para mestrado (uma subida de cerca de 5 pontos percentuais nos últimos 5 anos).

A probabilidade de fazer esta transição, no entanto, depende muito do contexto dos licenciados com importantes consequências em termos de equidade. 

  1. A probabilidade de os homens transitarem para mestrado é maior (3 pontos percentuais) e a diferença aumentou nos últimos 5 anos.
  2. A probabilidade de transição é muito superior também no subsistema universitário, sobretudo no subsistema público (58%) e essas diferenças acentuaram-se nos últimos 5 anos.

Apenas cerca de um quarto dos alunos do sistema politécnico público faz a transição para o mestrado, aumentando a desigualdade se levarmos em conta a diferença do contexto socioeconómico dos alunos do ensino politécnico relativamente ao subsistema universitário.



A desigualdade na transição é também visível nas diferentes taxas de transição entre licenciados com pelo menos um dos pais com ensino superior e os outros licenciados.

Essa diferença (de 48% para 37%) reforçou-se nos últimos cinco anos. Adicionalmente, é também verdade que os licenciados que, nas suas famílias, são a primeira geração no ensino superior mostram maior propensão a abandonar os estudos no final do primeiro ano. Esta propensão é também mais alta entre alunos dos mestrados e no caso dos CTeSP, 

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